Sonhar acordado pode parecer inofensivo, até prazeroso. No entanto, quando os devaneios se tornam frequentes e intensos, podem afetar sua saúde mental e prejudicar sua vida social e profissional.
Neste artigo, você vai entender o que é devaneio excessivo, quais são os sinais de alerta, os impactos na rotina e como lidar com esse comportamento.
O que é devaneio excessivo?
Devaneio excessivo, também conhecido como maladaptive daydreaming, é um padrão de fantasia mental recorrente e intenso. Ou seja, a pessoa se envolve tanto nas histórias imaginárias que começa a negligenciar a realidade ao redor.
Diferente de sonhar acordado ocasionalmente, esse comportamento se torna problemático quando:
- Ocupa várias horas do dia;
- Compromete tarefas do cotidiano;
- Causa sofrimento emocional e sensação de perda de controle.
Embora ainda não esteja classificado como transtorno mental pelo DSM-5 ou CID-11, os prejuízos à saúde mental são reais e merecem atenção.
Sintomas do devaneio excessivo
Reconhecer os sinais é o primeiro passo para buscar ajuda e recuperar o equilíbrio. Entre os sintomas mais comuns, destacam-se:
- Fantasias vívidas, detalhadas e recorrentes;
- Movimentos repetitivos durante os devaneios (como balançar o corpo);
- Expressões faciais, sussurros ou falas enquanto devaneia;
- Isolamento social para manter os devaneios;
- Sensação de culpa ou frustração após longos períodos fantasiando;
- Dificuldade de concentração em tarefas simples.
Esses sintomas podem surgir aos poucos, e muitas pessoas não percebem que o comportamento está interferindo na qualidade de vida.
Causas possíveis e fatores de risco
As causas exatas do devaneio excessivo ainda estão sendo estudadas. Contudo, especialistas acreditam que diversos fatores psicológicos e emocionais estejam envolvidos. Veja alguns:
- Traumas na infância: fantasias mentais podem funcionar como mecanismo de escape da dor;
- Solidão ou isolamento social: pessoas solitárias tendem a buscar refúgio no mundo interno;
- Transtornos associados, como ansiedade, depressão, TDAH ou TOC;
- Ambientes monótonos: a falta de estímulos externos leva à fuga para a imaginação;
- Alta criatividade: indivíduos com perfil criativo podem desenvolver tramas mentais mais elaboradas.
Portanto, é importante avaliar o contexto emocional e comportamental de cada pessoa antes de qualquer diagnóstico.
Impactos do devaneio excessivo no cotidiano
Embora pareça inofensivo à primeira vista, o devaneio excessivo compromete várias áreas da vida. A seguir, veja como esse hábito pode afetar o dia a dia:
1. Produtividade e desempenho
Quem sofre com devaneios prolongados tem dificuldade de manter o foco por longos períodos. Isso prejudica o desempenho escolar, acadêmico e profissional.
2. Relações interpessoais
Por se isolar com frequência para manter os devaneios, a pessoa pode se afastar de familiares e amigos. Dessa forma, os vínculos sociais se enfraquecem.
3. Saúde emocional
Muitos indivíduos relatam sentimentos de culpa, tristeza e frustração. Afinal, eles percebem que poderiam estar vivendo experiências reais, mas preferem o mundo imaginário.
4. Sono e bem-estar
Alguns relatos indicam que os devaneios também interferem na qualidade do sono, pois o cérebro permanece ativo mesmo durante o descanso.
E você, já parou para refletir quanto tempo passa no seu próprio mundo imaginário? Será que seus devaneios estão te ajudando ou te afastando da realidade e dos seus objetivos?
Como é feito o diagnóstico?
Atualmente, o diagnóstico do devaneio excessivo é clínico. Isso significa que profissionais da saúde mental utilizam entrevistas e questionários específicos para avaliar a frequência, intensidade e prejuízos causados pelos devaneios.
Uma ferramenta bastante usada é a Escala de Devaneio Excessivo de Somer, criada pelo psicólogo Eli Somer — pioneiro nos estudos sobre o tema. Essa escala analisa padrões de comportamento, tempo gasto nos devaneios e impacto nas atividades cotidianas.
É fundamental procurar psicólogos ou psiquiatras experientes, pois os sintomas podem se confundir com outros transtornos, como TDAH, ansiedade generalizada e transtornos dissociativos.
Tratamentos indicados para devaneio excessivo
Apesar de não haver um protocolo oficial, existem tratamentos eficazes que ajudam a reduzir os episódios de devaneio. Abaixo estão as abordagens mais utilizadas:
1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
Essa modalidade terapêutica ajuda o paciente a identificar os pensamentos automáticos e a criar estratégias para lidar com eles. A TCC também trabalha com o resgate da atenção e a organização da rotina.
2. Práticas de atenção plena (mindfulness)
Mindfulness é uma técnica de meditação que foca no presente. Ela treina a mente para voltar à realidade, o que ajuda a reduzir a intensidade dos devaneios.
3. Regulação do tempo e da rotina
Criar uma agenda equilibrada, com pausas planejadas e momentos de lazer, ajuda a manter o cérebro ocupado com atividades reais.
4. Tratamento de comorbidades
Quando há transtornos associados, como ansiedade ou depressão, o tratamento deve incluir medicamentos e psicoterapia adequados.
5. Grupos de apoio
Participar de fóruns e grupos online com outras pessoas que vivenciam o mesmo problema pode gerar acolhimento e dicas práticas.
Estratégias para lidar com o devaneio excessivo
Além do tratamento profissional, algumas práticas simples podem ser incorporadas no dia a dia. Confira:
- Evite os gatilhos: músicas, filmes ou locais que incentivem os devaneios podem ser moderados;
- Use um diário de devaneios: escrever ajuda a entender padrões e sentimentos envolvidos;
- Crie metas realistas: objetivos diários e semanais ajudam a manter o foco no presente;
- Substitua hábitos monótonos: insira atividades físicas, hobbies ou leitura consciente;
- Busque suporte: conversar com familiares e amigos de confiança pode fazer diferença.
Mitos sobre devaneio excessivo
É comum que o devaneio excessivo seja confundido com distração ou simples preguiça. No entanto, vale destacar:
- Não é falta de força de vontade: trata-se de um comportamento repetitivo e compulsivo;
- Não está relacionado apenas à imaginação: o problema está no prejuízo funcional que causa;
- Não é “frescura”: embora não seja oficialmente reconhecido como transtorno, pode causar sofrimento real.
Perguntas frequentes sobre devaneio excessivo
Devaneio excessivo é uma doença?
Ainda não é classificado como doença nos manuais psiquiátricos, mas é um comportamento disfuncional que exige atenção.
É possível controlar o devaneio excessivo sozinho?
Em casos leves, sim. Contudo, quando há prejuízo significativo, a ajuda profissional é recomendada.
Existe medicação para devaneio excessivo?
Não há medicamentos específicos, mas profissionais podem prescrever remédios para tratar transtornos associados, como ansiedade ou TDAH.
Devaneio excessivo é comum em pessoas criativas?
Sim, pessoas com imaginação ativa e perfil criativo estão mais propensas, mas isso não significa que todas desenvolverão o transtorno.
Conclusão: cuide da sua saúde mental
Sonhar acordado é parte da natureza humana, mas quando os devaneios passam a controlar sua vida, é hora de agir. Procurar ajuda, entender os gatilhos e construir uma rotina com mais presença são atitudes que podem transformar seu bem-estar.
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